Análise do Setor do Desporto

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“O desporto tem o poder de mudar o mundo. Ele tem o poder de unir os povos de uma forma que poucas outras coisas conseguem” – esta conhecida frase de Nelson Mandela ilustra bem o potencial que o desporto tem nas nossas vidas. Mas este pode também ser um negócio. O setor do desporto possui diversas oportunidades e abrange uma ampla gama de atividades, que tanto podem ser competitivas como recreativas.

As principais áreas de negócio do setor do desporto são: o desporto profissional, que inclui as diversas competições das diferentes modalidades, a negociação de contratos, transmissões televisivas e receitas geradas nas bilheteiras; o marketing desportivo, envolvendo a publicidade, os patrocínios, acordos de licenciamento e todo o tipo de promoção de marcas associados a eventos desportivos; produção e comercialização de equipamentos desportivos, que assenta na produção, venda e distribuição de material inerente à prática desportiva, como roupa, calçado, bicicletas, patins, etc.; atividades recreativas e de fitness, que incluem os ginásios, por exemplo; educação e treino desportivo, associados a instituições que desenvolvem formações em determinada atividade física; entretenimento desportivo, onde se encaixam os eSports e os mais diversos videojogos que envolvam a competição desportiva; turismo desportivo, relacionado com a organização de torneios, competições e grandes eventos; e, por fim, o jornalismo desportivo, onde se enquadram as emissoras de televisão, plataformas de streaming, jornais, revistes e sites especializados em desporto.

Evolução do Setor do Desporto

Nas últimas décadas, o setor do desporto passou por uma notável evolução, marcada por transformações em diversos aspetos que vão desde a tecnologia até às dinâmicas socioculturais. Longe vão os tempos em que o desporto se resumia à pura e simples atividade física, circunscrita no espaço. Hoje o setor do desporto tem uma dimensão global, o que influenciou a forma como o encaramos, o consumo e a própria participação neste.

Um dos aspetos mais proeminentes dessa evolução é a revolução digital. O aparecimento de novas tecnologias, a internet e as redes sociais, mudaram a forma como o público interage com os seus desportos preferidos. A interação com outros adeptos, atletas, clubes e as mais variadas instituições do setor tornou-se mais fácil e próxima, sendo que a experiência proporcionada aos entusiastas desportivos passou a ser mais imersiva e conectada.

O surgimento dos influencers e a progressiva transformação da prática desportiva numa experiência social tem captado cada vez mais consumidores para este setor. Inclusive, com as redes sociais e o aumento da importância da imagem, registou-se um crescimento do número de jovens a aderir a ginásios – um aumento de 50% em Portugal no ano de 2022. Contudo, a taxa de penetração do fitness continua baixa entre os portugueses (7%) em relação à média europeia, que é de 13%.

Com a informação mais acessível e de forma mais célere, surgiram também novas tendências, deu-se o crescimento de várias modalidades em Portugal, a criação de novos desportos, e gerou-se uma maior consciencialização para temas como a inclusão, igualdade, diversidade e sustentabilidade dentro do meio desportivo.

Se em Portugal o futebol é o desporto rei, há que destacar o recente crescimento de outras modalidades, como o padel, que no final do ano de 2021, segundo dados All United Sports, possui já cerca de 200 mil praticantes e, aproximadamente, 960 campos – 770 inseridos na plataforma AirCourts, divididos por 195 clubes. Os eSports são também exemplo de novas modalidades em franco crescimento. Este deve-se ao surgimento de grandes competições nacionais e internacionais de jogos como FIFA, League of Legends, Clash Royale, Fortnite, entre outros. Graças à indústria cinematográfica e à proliferação de diversos conteúdos desportivos oriundos dos Estados Unidos da América, também o futebol americano e o basquetebol têm tido um grande crescimento de adeptos em terras lusas. A audiência dos jogos da NFL e da NBA são exemplo disso.

Trazendo o foco para a vertente mais social do desporto, percebe-se a crescente ênfase na inclusão e diversidade, o que trouxe à baila questões de género, raça e orientação sexual dentro do meio. As ligas e organizações desportivas têm procurado promover ambientes mais igualitários e representativos, impulsionando o surgimento de ligas femininas fortes e iniciativas de inclusão em todos os níveis.

A sustentabilidade também se tem tornado numa preocupação central, com os eventos desportivos a adotarem práticas mais sustentáveis, desde a gestão de resíduos até a redução da pegada ecológica. O desporto serve ainda como plataforma para conscientização ambiental e social, destacando diversas questões cruciais como mudanças climáticas e justiça social.

Com a pandemia de Covid-19, que restringiu bastante as possibilidades de prática desportiva, o setor passou grandes dificuldades. Desde o cancelamento e adiamento de eventos até mudanças nas práticas operacionais e financeiras, as organizações desportivas tiveram de se reorganizar. A ausência de público e perda de receitas trouxe cortes salariais, demissões e uma reavaliação das estratégias de gastos, deixando muitos profissionais do setor em dificuldades. Há ainda que referir os impactos nos níveis de sedentarismo e obesidade que advieram dos vários confinamentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), após a pandemia, em Portugal, 57,5% dos adultos vivem com excesso de peso.

Setor do Desporto em Portugal

Em Portugal, o setor desportivo gerou 1,9 mil milhões de euros de volume de negócios em 2021, o que significa um aumento de 11,9% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Em linha com este resultado está o número de empresas no setor, que aumentou mais de 4,5% entre 2020 e 2021, cifrando-se em 14.368.

O Valor Acrescentado Bruto (VAB) registado pelas empresas desportivas em 2021, apesar de não ter chegado a valores pré-pandemia, teve um aumento significativo face a 2020, fixando-se nos 731,9 milhões de euros. A produtividade aparente do trabalho, que resulta do VAB gerado por cada unidade de pessoal ao serviço, também aumentou, registando um aumento de 10.000€.

Analisando as diversas áreas de negócio do setor, constatamos que é no comércio a retalho de artigos de desporto, campismo e lazer que se encontra, de forma destacada, o maior volume de negócios, seguido das atividades dos clubes desportivos, que, por sua vez, registam o Valor Bruto Acrescentado mais elevado. No que concerne à produtividade aparente do trabalho, é também nos clubes desportivos que encontra o maior valor, seguido da construção de embarcações e do fabrico de artigos de desporto.

Veja-se que em 2022 (dados preliminares), o total de exportações de bens desportivos atingiu os 580,1 milhões de euros, mais 7,6% do que no ano anterior, e o total de importações foi de 404,5 milhões, o que resultou num saldo positivo de 175,6 milhões de euros na balança comercial. O principal responsável por este resultado foram as bicicletas, que representam 59,5% das exportações de bens desportivos. Já nas importações, destacam-se os bens de ginástica, equipamento de natação e calçado de desporto.

Os preços para o consumidor dos bens e serviços aumentou significativamente entre 2021 e 2022, nomeadamente no que concerne ao mercado das bicicletas (+6,5%) e de bilhetes para assistir a eventos desportivos (+7,1%).

Modalidades em Portugal

No ano de 2021, existiam em Portugal 9.893 clubes desportivos e 483.829 praticantes inscritos nas federações desportivas, o que representa uma diminuição de 10,6% e 17,7%, respetivamente.
O futebol, sem surpresa, regista o maior número de praticantes, 26% do total, e os homens predominam em vários desportos, com mais ênfase no mais representativo, com 93,3% dos futebolistas do país sendo do género masculino.

Natação (9,7%) é a segunda modalidade com mais praticantes, seguida por voleibol (8,4%), andebol (6,5%) e basquetebol (3,7%). As mulheres destacam-se na ginástica (86,8%), sendo também maioritárias na patinagem (56,5%), no voleibol (55,1%) e na natação (52,6%). Ao todo, existem 143.035 mulheres inscritas nas federações desportivas, enquanto esse valor ascende a 340.794 quando falamos de homens.

Existiam 712 praticantes de alto rendimento em 2022, 62,1% homens, com cinco sextos abaixo dos 30 anos e com 8.265 títulos profissionais atribuídos, a maior parte de treinadores (67,3%).

Alguns dos fatores transversais que explicam o crescimento da penetração do desporto na população portuguesa e, consequente aumento da competitividade do desporto nacional são: a organização hierárquica e piramidal das estruturas que regulam o desporto nacional; valorização da formação contínua de treinadores e profissionais do desporto; expansão e desenvolvimento do parque desportivo nacional, nomeadamente ao nível dos Centros de Alto Rendimento; maior promoção da sustentabilidade desportiva através de circuitos pedonais, ciclovias e passadiços; financiamento público através de programas setoriais; condições climatéricas naturais favoráveis à atividade física informal de desportos de verão; e grande ligação emocional aos clubes, especialmente local.

Disparidades de Acesso à Prática Desportiva

Apesar de, nas últimas décadas, o setor do desporto ter apresentado uma maior penetração na população de forma transversal, existem vários fatores que limitam o crescimento do setor em Portugal. São estes: a ausência de uma política pública para o desporto nacional, assente num documento de orientação estratégica com dotação orçamental, objetivos e métricas tangíveis; a discrepância entre regiões (interior e litoral/centros urbanos); discrepância entre as estruturas dos clubes e das próprias modalidades com preponderância do futebol; envelhecimento da população; dificuldades na conjugação da carreira desportiva com o trabalho/estudo dos atletas; reduzida articulação entre escolas e clubes; nível reduzido de profissionalização do setor; e exposição à prática de crimes que comprometem a integridade dos resultados desportivos.

Dando ênfase às disparidades de acesso à prática desportiva, conclui-se que estas podem ser influenciadas por uma variedade de fatores, incluindo económicos, sociais, geográficos e culturais. Algumas das consequências mais comuns incluem:

  • Desigualdades de Saúde: o acesso desigual à prática desportiva muitas vezes está correlacionado com desigualdades de saúde. Pessoas com menos acesso a atividades físicas regulares enfrentam um maior risco de problemas de saúde, como obesidade, doenças cardíacas e diabetes.
  • Desenvolvimento Pessoal e Habilidades Sociais: a prática desportiva não se limita apenas ao aspeto físico, mas também contribui para o desenvolvimento pessoal e habilidades sociais. Aqueles que têm acesso limitado a atividades esportivas podem perder oportunidades para desenvolver habilidades como trabalho em equipa, liderança, resiliência e autoestima.
  • Exclusão Social: a falta de acesso ao desporto pode levar à exclusão social, especialmente em comunidades onde a participação em desportos é uma parte importante da cultura local. A exclusão pode ocorrer devido à falta de oportunidades de integração social e participação em atividades comunitárias.
  • Oportunidades de Educação e Emprego: em algumas situações, a prática desportiva pode ser um caminho para oportunidades educacionais e de emprego. Aqueles com acesso limitado a essas oportunidades podem enfrentar barreiras adicionais na procura por uma educação ou carreira no domínio desportivo.
  • Desigualdades de Género: em muitos lugares, as disparidades de acesso à prática desportiva são notáveis entre os géneros. As mulheres, em particular, podem enfrentar desafios para participar de atividades desportivas devido a estereótipos de género, falta de instalações adequadas e menos oportunidades de financiamento para desportos femininos.
  • Desenvolvimento de Talentos Desigual: o acesso desigual ao desporto pode levar a disparidades no desenvolvimento de talentos. Indivíduos com menos acesso a recursos e treinamento de qualidade podem não ter a oportunidade de desenvolver completamente seu potencial atlético.
  • Impacto na Participação em Competições de Alto Nível: a falta de acesso a recursos e oportunidades desde as fases iniciais do desenvolvimento desportivo pode limitar a representação de determinados grupos em competições de alto nível, contribuindo para a falta de diversidade e inclusão em eventos desportivos de destaque – veja-se o caso da sub-representação do interior português nas principais competições nacionais.

Resolver os problemas gerados pelas disparidades de acesso ao desporto requer uma abordagem abrangente que contemple os fatores económicos, sociais, culturais e geográficos. Algumas estratégias que podem contribuir para mitigar essas desigualdades são:

  • Investimento em Infraestrutura:
  • Priorizar investimentos em instalações desportivas em áreas com menor acesso. Isto inclui a construção e manutenção de campos desportivos, piscinas e ginásios junto das comunidades do interior;
  • Desenvolver instalações acessíveis e inclusivas para pessoas com deficiência, garantindo que a prática desportiva seja acessível a todos;
  • Programas Subsidiados e Bolsas de Estudo:
  • Implementar programas de subsídios e bolsas de estudo para crianças e jovens em áreas com menos recursos. Isso pode incluir o acesso a equipamentos desportivos, pagamento de taxas de participação em equipas e aulas especializadas;
  • Estabelecer parcerias com empresas locais, organizações sem fins lucrativos e agências governamentais para financiar esses programas;
  • Desenvolvimento de Talentos Locais:
  • Criar programas de desenvolvimento de talentos em áreas menos favorecidas, proporcionando o treino especializado e o acesso a técnicos qualificados;
  • Facilitar a participação em competições locais e regionais para identificar e promover talentos, independentemente da localização geográfica;
  • Promoção de Atividades Desportivas Diversificadas:
  • Incentivar a prática de uma variedade de modalidades para atender às preferências locais e às condições geográficas específicas;
  • Realizar eventos desportivos recreativos e comunitários para promover a atividade física e proporcionar oportunidades para pessoas de todas as idades;
  • Educação e Conscientização:
  • Implementar campanhas educativas sobre os benefícios do desporto para a saúde física, mental e social, destacando a importância da participação em comunidades menos atendidas;
  • Promover a igualdade de género no desporto e combater estereótipos que possam limitar a participação de determinados grupos;
  • Acesso à Educação Desportiva:
  • Colaborar com escolas e instituições educacionais para integrar programas desportivos nas atividades curriculares e extracurriculares;
  • Oferecer cursos de capacitação para professores e treinadores em áreas com menos recursos;
  • Apoio Governamental e Políticas Públicas:
  • Advogar por políticas públicas que incentivem a prática desportiva e reduzam as disparidades, incluindo financiamento específico para projetos desportivos em áreas desfavorecidas;
  • Estabelecer incentivos fiscais para empresas que apoiem programas esportivos em comunidades menos favorecidas;
  • Parcerias com Organizações Locais e Empresas:
  • Estabelecer parcerias com organizações locais, clubes desportivos, empresas e instituições sem fins lucrativos para criar programas conjuntos que abordem as disparidades de acesso;
  • Monitoramento e Avaliação Contínua:
  • Implementar sistemas de monitoramento e avaliação para acompanhar o impacto das intervenções ao longo do tempo e ajustar as estratégias conforme necessário.

Ensino no Setor do Desporto

Segundo o relatório “Desporto em Números 2022”, no ano letivo 2021/2022 estavam inscritos no ensino superior 10.973 estudantes nas áreas de educação e formação desportiva – um resultado que vai ao encontro da tendência crescente registada desde 2017. Os cursos com maior procura são “Desporto” (32,3%), “Ciências do Desporto” (28,6%) e “Educação física e desporto” (20,8%).

Considerando o desporto universitário, dados da FADU – Federação Académica do Desporto Universitário – de 2022 revelam que existiam 105 clubes (associações de estudantes e instituições de ensino superior) inscritos, bem como 7.565 estudantes-atletas em competição (33% mulheres e 67% homens). Estes valores representam uma recuperação face aos anos letivos de 2019/2020 e 2020/2021, em que a época desportiva esteve condicionada pela pandemia da Covid-19. O número de competições oficias e de modalidades representadas também foi menor face a 2018/2019. Durante a última década, houve um crescimento do número de Campeonatos Nacionais Universitários realizados, porém o número de estudantes-atletas inscritos oscilou sempre entre os 7.900 e os 8.600.

Em relação ao desporto escolar, em 2021, em declarações ao jornal Público, o ministério com a pasta do desporto revelou que nos últimos anos letivos estiveram inscritos cerca de 175 mil alunos em contexto competitivo, sendo que o objetivo era, em 2022/2023 ter 500 mil envolvidos em competições de nível I e II. No programa estratégico apresentado esse ano assegura-se o aumento da oferta de modalidades desportivos, com especial foco nas olímpicas e nos desportos de praia.

Portugal vs. EUA

As principais diferenças entre o ensino desportivo em Portugal e nos Estados Unidos, o país mais bem-sucedido em Jogos Olímpicos de Verão, refletem as características únicas de cada sistema educacional, bem como as diferenças culturais e estruturais entre os dois países.

Em Portugal, o sistema educacional é mais centralizado e segue um modelo de ensino primário, secundário e superior. A educação física é uma disciplina obrigatória em todas as escolas, e os estudantes têm acesso a instalações esportivas dentro das escolas. Nos Estados Unidos, o sistema educacional é descentralizado e varia de estado para estado. A educação física é, geralmente, uma parte do currículo escolar, mas a frequência e os requisitos específicos podem variar. Além disso, muitas escolas nos oferecem uma variedade de programas desportivos extracurriculares, como equipas de futebol americano, basquetebol, basebol, entre outros. No país do outro lado do Atlântico existe ainda uma maior ênfase nas competições e ligas escolares entre escolas, que acabam por ter uma maior organização e servem como ferramentas de recrutamento de talentos para clubes e universidades, que atribuem bolsas de estudo pelo mérito desportivo.

Desta feita, nos EUA o desporto desempenha um papel significativo na cultura do país, com uma forte ênfase na competição, conquista e espírito de equipa. O sucesso no desporto muitas vezes é valorizado e pode abrir portas para oportunidades académicas e profissionais. Já em Portugal, embora os desportos sejam populares e façam parte da cultura nacional, a ênfase está mais no aspeto recreativo e de bem-estar do que na competição de alto nível.

Emprego no Setor do Desporto

Em 2022, trabalhavam no setor cerca de 44,5 mil pessoas, uma subida de 20,3%, e na sua maioria homens (64,5%), mais de metade abaixo dos 34 anos e também acima dos 50% quanto à escolaridade avançada, com 51% já com o ensino superior completo.

Em 2022 (dados provisórios), a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) nas atividades do setor desportivo foi 1.366 euros (mais 4,7% do que no ano anterior). A componente regular desta remuneração aumentou 1,5%, para 1.078 euros e a remuneração base aumentou 0,9%, para 1.024 euros.

No total da economia, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador foi superior, 1.411 euros, tal como a componente regular, 1.140 euros, e a remuneração base 1.070 euros, tendo registado aumentos superiores na remuneração bruta regular e remuneração bruta base de 3,1% e 3,0%, respetivamente, enquanto a remuneração bruta total teve um crescimento menor que a do setor desportivo (3,6%) em relação a 2021.

Financiamento Público

Em 2021, as Câmaras Municipais afetaram 323,3 milhões de euros às atividades e equipamentos desportivos (mais 7,4% do que em 2020), representando 3,3% do total da despesa dos municípios.

O aumento de 22,3 milhões de euros das despesas em atividades e equipamentos desportivos foi resultado do aumento das despesas de capital em 15,9 milhões de euros (+21,4%), e do aumento nas despesas correntes em 6,4 milhões de euros (+2,4%).

Por subdomínios, destacaram-se, pelo peso no total, as despesas afetas à construção e manutenção de infraestruturas desportivas (41,2%) seguidas das atividades desportivas (27,8%) e das associações desportivas (24,1%).

A despesa média por habitante em atividades e equipamentos desportivos no total das autarquias foi 31,2 euros, tendo-se destacado as regiões do Algarve (60,0 euros) e do Alentejo (47,3 euros). Pelo contrário, a Região Autónoma da Madeira e a Área Metropolitana de Lisboa registaram valores inferiores à média nacional (12,9 euros e 18,0 euros respetivamente).

Em 2021, o financiamento do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) às Federações desportivas atingiu 41,0 milhões de euros (menos 3,0% do que no ano anterior). O apoio às atividades desportivas destacou-se com 47,9% do total do financiamento, superando a alta competição (38,3%) e os eventos internacionais (8,6%).

Conclusão

Tal como todos os setores, o setor do desporto também sofreu grandes alterações nas últimas décadas, sendo que foi dos mais fustigados pelas consequências económicas advindas da pandemia de Covid-19.

Estando em forte recuperação depois do fim das restrições, há que referir que passou a existir uma maior adaptação digital. Desde a forma como os desportos são praticados, assistidos ou geridos, até à utilização de novas ferramentas de análise de desempenho, realidade virtual e aumentada, entre outras novas experiências para atletas e público, foram-se desenvolvendo novos modelos de negócio e crescendo novas modalidades.

Dos eSports ao padel, a crescente atenção mediática dos meios de comunicação portugueses, bem como o acesso facilitado a transmissões de canais do outro lado do mundo, tem atraído os portugueses para novas experiências, novos desportos além do futebol. Com uma audiência mais diversificada, também se levanta a importância de questões sociais, que têm ganho espaço dentro do meio desportivo, em prol de mais igualdade e sustentabilidade.

Comparativamente a outros países que valorizam mais a competição e o alto rendimento, em Portugal o desporto tem uma forte componente recreativa, o que se pode configurar como uma oportunidade para alguns tipos de negócio, mais baseados na componente social. Existe, no entanto, uma forte discrepância entre a oferta no litoral e centros urbanos comparando com o interior.

Além disso, há que destacar o envelhecimento da população como um fator a ter em conta no setor, havendo por isso novas necessidades a responder no mercado. Veja-se também que a população portuguesa revela uma forte predominância de excesso de peso, trazendo para o debate público a importância que o setor deve ter para fazer face a essa realidade.

Do lado político tem-se encontrado alguns exemplos de valorização da prática desportiva, nomeadamente no que concerne à componente recreativa, desenvolvendo infraestruturas como passadiços, bem como atividades que promovam o exercício físico. Veja-se que em 2021 se registou um aumento de 22,3 milhões de euros das despesas em atividades e equipamentos por parte das autarquias.

Em suma, o setor do desporto é dinâmico, com mudanças constantes impulsionadas pelos avanços tecnológicos e em evolução nas necessidades e preferências dos consumidores. Ele desempenha um papel importante na economia global, gerando empregos, receitas e influenciando o estilo de vida de muitas pessoas.

Fontes:

Castro, F. (2023, Agosto 9). Negócio dos ginásios “engordou” depois da pandemia. ECO. https://eco.sapo.pt/2023/08/09/negocio-dos-ginasios-engordou-depois-da-pandemia/

Direção-Geral da Educação (DGE). (2023, Julho 28). Programa Estratégico do Desporto Escolar 2021-2025 | Direção-Geral da Educação. DGE. https://www.dge.mec.pt/noticias/desporto-escolar/programa-estrategico-do-desporto-escolar-2021-2025

Instituto Nacional de Estatística. (2023). Desporto em números – 2022 | Sport in numbers – 2022. ine.pt. https://www.ine.pt/ine_novidades/DesportoEmNumeros2022/2/index.html

LUSA. (2023, Abril 5). Desporto gerou 1,9 mil milhões de euros em Portugal em 2021. Tribuna Expresso. https://tribuna.expresso.pt/atualidade/2023-04-05-Desporto-gerou-19-mil-milhoes-de-euros-em-Portugal-em-2021-7552e74d

PwC. (2021, Julho). Estudo caracterizador do setor do desporto em Portugal e impacto da COVID-19.

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